Confidência
GESTO DE LIBERDADE
Se tudo correr dentro da normalidade, o artigo que acabo de enviar para o Jornal de Notícias (JN) será publicado na secção de economia numa das próximas terças-feiras. Trata-se dum texto que se debruça sobre o papel das relações na aprendizagem organizacional. Não deve, por isso, suscitar as reticências do artigo, também aqui publicado, intitulado "Como derrotar o F.C. Porto".
De facto, quando terminei "Como derrotar o F.C. Porto" fiquei convencido que o JN jamais o publicaria. Naquela altura achei que seria tanta ousadia o JN publicar um artigo com este título como exibir as "Nutícias" da SIC Radical no horário nobre duma estação televisiva líder de audiências em Teerão!
Enviei, contudo, o artigo porque no fundo ele não é tão provocador como parece. Imodéstia à parte, julgo que é, apesar do título, uma abordagem séria e minimamente sustentada à cultura de um clube. O texto lá foi publicado e, como seria de esperar, suscitou vários comentários. Talvez aquele que melhor guarde foi precisamente o primeiro, recebido poucas horas depois do jornal ter saído para as bancas. Tratou-se dum telefonema dum "portista ferrenho" de cachecol com lugar cativo. Não nego que me alegrou saber da sua plena concordância com os argumentos que tinha avançado. Dizia ele que, na verdade, o clube tem uma cultura baseada no conflito e que o artigo captava bem e equilibradamente esse traço.
Soube posteriormente, através da Ordem dos Economistas (entidade que gere e enquadra a colaboração de vários autores), que os responsáveis editoriais do jornal foram inicialmente reticentes mas, não sei porque carga de água, lá publicaram o artigo. Tendo noção de como reagem as redacções dos jornais a textos menos cómodos fiquei evidentemente satisfeito, talvez encontrando neste gesto de liberdade um dos motivos que colocam o JN como líder incontestável do seu mercado.