2003-06-07

Ideias
"LOGO SE VÊ" OU A LÓGICA DA POLÍTICA DE TRANSPORTES PÚBLICOS

José Manuel Viegas é "consultor na área de transportes". Foi nesta qualidade que deu uma entrevista ao Diário Económico. É ainda catedrático do Técnico e preside ao respectivo departamento de civil. Não parece ser pessoa que fale gratuitamente. As suas palavras devem ser lidas cuidadosamente e extraídas ilações. Aqui ficam alguns extractos:

"o nosso sistema de transportes públicos nas grandes cidades tem funcionado na base do logo se vê. É uma profunda falta de profissionalismo empresarial."

"não me choca que haja subsídios. O que me choca é que haja subsídios na base do logo se vê."

"As indemnizações compensatórias são uma vergonha. As verbas é consoante com o dinheiro que sobra a 31 de Dezembro no Ministério das Finanças. Da maneira como está a ser feito, devia ser proibido pela Comissão Europeia, pois não têm nada a ver com a prestação efectiva. Indemnização compensatória serve para pagar serviços prestados de natureza não comercial. Se esses serviços de um ano para o outro não se modificaram, o valor não pode passar para o dobro no ano seguinte, que é o que acontece."

"Do ponto de vista da oferta, há erros graves no desenho da rede e na maneira de vender o produto."

"Comparando com os preços de 1976, data em foi criado o passe social, hoje corrigindo apenas a inflação, o passe social hoje custa 45% do que custava na altura. Mas como ganhamos hoje mais, em minutos de trabalho, o passe vale hoje 20 a 25%. Por outro lado, a gasolina em 1976 custava quase o dobro de hoje."

"O modelo que defendo é este: as empresas têm três anos para atingir uma determinada meta. Se falharem automaticamente a empresa é privatizada. A privatização deve ser o castigo em caso de falha. Há uma caso muito curioso em Portugal quando foi a privatização das fatias de Rodoviária Nacional, algumas delas estavam a ter prejuízos, soube-se que iam ser privatizadas, passaram a ter lucro. Bastou o ameaço, porque o pessoal que lá estava percebeu que se dessem a volta à empresas e que se a pusessem a funcionar bem quando o patrão privado chegasse ia manter os empregos."

"O modelo que defendo que tudo aquilo que seja custos de exploração só deve ser pago ou pela passageiro ou por impostos locais e não impostos nacionais."
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