2003-07-18

Espólio digital
FÉRIAS DIGITAIS
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Enviada: qua 16-07-2003 13:47
De: Vasco Eiriz [veiriz@eeg.uminho.pt]
Para: gap@cm-loule.pt
Assunto: Férias digitais

Senhor Presidente da Câmara Municipal de Loulé,

Sou um frequentador do concelho de Loulé onde me desloco com alguma regularidade. Como deve imaginar, o motivo das minhas deslocações é idêntico ao da maioria dos forasteiros que visitam o concelho, com a diferença significativa de que, ao fim duma década, já me considero uma espécie de filho adoptivo da terra. Na minha última visita tive o infortúnio de precisar de aceder à internet por motivos de ordem profissional e lúdicos. Senhor Presidente, na minha ingenuidade comecei por me dirigir à Junta de Freguesia de Almancil, pensando que uma freguesia daquela dimensão e com aquela riqueza podesse ter um ou dois PCs disponíveis para os utentes. Mas, na verdade, apesar da atracção das instalações inauguradas em Abril passado (a placa é bem vistosa), não havia qualquer acesso. Havia, em contrapartida, muito, muito papel sob a forma de desdobráveis, revistas, jornais e informações variadas. Pensei que, evidentemente, a sede concelhia resolveria o problema. Loulé é, afinal de contas, uma das maiores cidades algarvias e, ao que me parece, será em dimensão territorial um dos grandes concelhos do país (e, salvo erro, o maior do Algarve). Circunstancialmente, comecei por indagar no Turismo. Simpaticamente lá me informaram existirem três alternativas: um espaço de exploração privada e dois públicos. No público havia a escolha entre a Casa da Cultura, mesmo em frente da Câmara Municipal, e a biblioteca municipal. Quanto à Casa da Cultura, Senhor Presidente, subi-a do rés-do-chão ao último andar sem ver viva alma e muito menos qualquer PC. Quanto à cultura, ficou-me na retina o cartaz do Loulé Jazz mas, de resto, aqui, ao contrário da junta, não havia sequer vestigíos de outros papéis. Depois de abrir várias portas lá dei com um grupo de três jovens e uma senhora menos jovem que me explicaram que ali já não há internet há muitos meses. Não leve a mal, Senhor Presidente, mas saí dali convencido que aquele pessoal deveria pertencer a uma qualquer jota local. Não desesperei e rumei àquela que sempre me pareceu a hipótese mais provável para resolver o meu problema: a biblioteca. Senhor Presidente, para descrença minha, na biblioteca, qual babilónia, informaram-me que estão sem internet há quatro meses! Contaram-me que já tinham lá passado os homens da PT mas que o problema continua por resolver. Senhor Presidente, faço-lhe um apelo: é fundamental que Loulé disponibilize acessos públicos à internet, não só para os seus turistas, mas sobretudo para os nativos. Já viu, Senhor Presidente, nos últimos dias o meu blogue não pode ser actualizado com a frequência que os seus leitores merecem. Ao que ouço, até as farmácias disponibilizam "kits" gratuitamente. Compreenda, por favor, que também os blogues viciam e torna-se difícil passar férias sem que ocasionalmente nos lancemos à rede. Mais triste fico só de pensar que não existe um único PC público em Loulé ligado à rede.

Atenciosamente,
Vasco Eiriz

P.S.: dado o panorama exposto, aceitará, Senhor Presidente, que receio seriamente que esta mensagem nunca chegue ao seu destino.
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