2004-04-16

INFOGEST. A Associação de Estudantes de Gestão da Universidade do Minho acaba de editar o primeiro número de INFOGEST, jornal de distribuíção gratuita, que inclui o seguinte texto intitulado Mudança e incerteza.

MUDANÇA E INCERTEZA
Por Vasco Eiriz

No ano lectivo 2003-2004, as Jornadas de Gestão comemoram o seu vigésimo primeiro aniversário. Este aniversário ocorre num momento de grande mudança e incerteza. Se 2002-2003 foi o ano em que o novo plano de estudos da licenciatura atingiu a sua velocidade de cruzeiro, o corrente ano é de amadurecimento.

A mudança no plano de estudos da licenciatura teve implicações nas estruturas organizativas e de representação dos alunos. Entre essas implicações, destaca-se o facto de, por via da redução da duração do curso, que passou de cinco para quatro anos e um semestre, o núcleo de alunos da licenciatura (ADEGE – Associação de Estudantes de Gestão), um dos mais dinâmicos da Universidade do Minho, ter sentido necessidade de recrutar dirigentes em anos curriculares anteriores ao que era normal.

Numa situação ideal, todos os anos curriculares devem contribuir para o esforço que a ADEGE e a Comissão Organizadora das Jornadas de Gestão desenvolvem em termos das suas múltiplas actividades, não devendo esse esforço ser suportado exclusivamente pelos alunos mais avançados no curso. Também os primeiranistas e principalmente os colegas do segundo e terceiro anos devem compreender que muito do sucesso do seu curso depende da sua capacidade empreendedora e do sucesso com que as actividades extra-curriculares como as Jornadas são desenvolvidas. O desafio de motivar e chamar à participação os colegas mais novos é, na verdade, importante.

Mudança nos finalistas

Mas as mudanças ocorridas não provocaram consequências só ao nível das estruturas representativas dos alunos. Em consequência da reestruturação da Licenciatura em Gestão, também os diplomados ao abrigo do novo plano de estudo, em circunstâncias normais defendem os seus relatórios de estágio/seminário em Janeiro e Fevereiro. Ou seja, podem terminar o curso mais cedo.

Os colegas que nos últimos meses chegaram ao mercado de trabalho e aqueles que nos tempos mais próximos concluirão a sua licenciatura vêm-se também rodeados de incerteza. A transição da universidade para o mercado de trabalho é, por natureza, um momento de ruptura. Num contexto de dificuldades económicas acrescidas como aquelas que o país atravessa, a incerteza da transição é ainda maior. Das inúmeras conversas que tenho com alunos e ex-alunos sei que todos têm grande consciência dos tempos difíceis que correm. De igual forma, noto que quando essa consciência é mais profunda muitos colegas têm mostrado possuir competências para contornar a sua inserção no mercado laboral de forma criativa e empreendedora.

Neste exercício de procurar vantagens, parece importante reforçar a mensagem da existência do estágio curricular, agora organizado em moldes ainda mais inovadores. O facto do estágio ser realizado no primeiro semestre do quinto ano é, aliás, uma característica da licenciatura que todos nós, docentes e discentes, devemos transmitir ao mercado como sendo verdadeiramente diferenciadora. Quando a imensa maioria dos cursos nossos concorrentes diplomam os seus licenciados em Julho, a Licenciatura em Gestão da Universidade do Minho é capaz de o fazer em Janeiro, aliando uma formação completa e rigorosa de quatro anos a um semestre de estágio/seminário com duração de 450 horas em tempo integral. Infelizmente, nem sempre o mercado tem consciência desta característica, mas cabe a todos nós, como universidade, transmitir essa mensagem.

Mudanças na universidade

Se os alunos finalistas devem estar preparados para a mudança e incerteza, também os colegas mais novos e toda a universidade têm sentido algumas mudanças introduzidas pela política governamental para o ensino superior. De há meses a esta parte, além da contenção orçamental que inevitavelmente possui reflexos nos recursos afectos à licenciatura, enunciam-se várias medidas e especula-se sobre outras. Quer nos casos de mudança efectiva, quer nas situações meramente especulativas, há inevitavelmente um acréscimo de incerteza, a que a Licenciatura em Gestão não é alheia.

A corrente da mudança e da incerteza é, como se vê, forte para todos, mas se um aluno de gestão não está preparado para ela, quem estará?
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