Vasco Eiriz

A MINHA COMISSÃO. Ainda que seja matéria que transpira pouco para a comunicação social e para o país, o que acontece no Parlamento fora do hemiciclo deveria justificar maior atenção. Por exemplo, as discussões ao nível das comissões especializadas ou as trocas de impressões no bar são bem mais interessantes e substanciais do que os discursos televisionados. Há a este propósito matéria muito relevante que vem tratada no DN desta semana. Basicamente está em curso um re-arranjo das comissões parlamentares. Na leva, há agora uma nova Comissão Parlamentar, imagine-se, do Desenvolvimento Económico! Naturalmente, com uma designação tão demodé só faz sentido que seja presidida pelo incontornável João Cravinho. Quem mais haveria de ser a tratar do nosso desenvolvimento económico? E o que o que é mais curioso não é tanto quem preside, mas sim o debate em torno da sua orgânica, âmbito e sabe-se lá mais o quê. Fazendo fé na notícia, os parlamentares terão já decidido que haverá "no mínimo, duas subcomissões: Agricltura e Turismo". Porquê agricultura? Porque dantes havia uma comissão só para a agricultura. Vai daí, como reformas é coisa que vale muito discurso, mas pouca acção, então mantenha-se uma subcomissão para a lavoura! Sob proposta do PSD está também na calha uma subcomissão para as PMEs, objecto que parece ajustar-se à dimensão do seu último resultado eleitoral. Se a abordagem se mantém, é caso para temer uma proposta do Bloco ou até do CDS-PP, quem sabe, para micro-empresas; e se os Verdes contemplassem uma subcomissão para as empresas já fechadas? Ora, sendo assim, quem sabe se o próprio PS não se vira para as multinacionais. A julgar pela Bombardier é muito provável que a coisa desemboque não numa subcomissão mas numa SA ou, como volta a estar na moda, numa EP! Se o leitor pensa que é pouco desengane-se porque este modelo de desenvolvimento económico implica ainda a criação de "grupos de trabalho". Estão já dois pensados para o sector têxtil e sector automóvel. Porquê estes e não outros sectores? Vá-se lá saber porquê...