2005-09-22

FICÇÃO. Dizem-me que por uma questão de decoro sempre se podia ter prendido a senhora hoje e amanhã. Depois Felgueiras levantar-se-ía indignada e passados alguns telefonemas e manifestações de solidariedade libertariam-na sexta-feira a tempo de ir passar o fim de semana a casa. Idealmente seria libertada à hora dos telejornais para que as televisões nos confortassem o serão. Muitos de nós ficaríamos com uma vaga ideia de que a justiça ainda funciona. Nasceria uma passionária. Sempre tinha mais graça de que ser recebida rapidamente pela juíza e esta manda-la para casa, assim sem mais nem menos. Sem qualquer enredo! Pensava eu que viviamos num país de poetas.
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