O institucionalizado Expresso publicou ontem, 26 de Outubro, o seguinte:Foi também anunciado que os deputados deixariam de ter direito a uma reforma vitalicia ao fim de 12 anos de exercício da função. A medida anunciada era esta mas nos últimos dias umas largas dezenas de parlamentares, maioritariamente socialistas (mas não só) movimentaram-se nos corredores do poder para diferir a aplicação da medida para a próxima legislatura. Porquê? Porque eles próprios, atingirão 12 anos de funções no curso desta legislatura. E quantos milhares de funcionários públicos não teriam direito a uma melhoria da sua situação durante esta legislatura? Será que os deputados tinham legitimas aspirações e os outros funcionários públicos não? [...] Há em todos estes exemplos [n.r.: além dos deputados no editorial são dados mais exemplos] um contraste vergonhoso entre o que se apregoa e o que se pratica. É certo que muitas das medidas partiam de um pressuposto correcto e, algumas delas, eram em si acertadas, ainda que insuficientes. No entanto, rapidamente constatamos que este Governo não terá condições morais de as implementar.
Conclusão: Empreender bateu o Expresso com uma diferença de mais de quatro meses. É caso para perguntar: só perceberam agora?No momento em que restringe privilégios a vários sectores do funcionalismo público, em que extingue subsistemas de saúde mais favoráveis, em que aumenta a idade para efeito de reforma, em que congela salários e progressões nas carreiras - nesse mesmo momento, José Sócrates e o PS permitem que as regalias e regimes especiais da classe política se prolonguem até 2009 e abranjam mais umas larguíssimas centenas de políticos no activo. Com que cara e com que moralidade podem o primeiro-ministro, o PS e os deputados em geral (cúmplices nesta artimanha processual em proveito próprio) encarar os juízes e magistrados em greve? Ou exigir que a generalidade dos funcionários públicos compreenda as dificuldades e aceite os sacrifícios? Não sobrará, no meio de tudo isto, um mínimo de vergonha?