2005-11-10

BANAL. Mariano Gago, ministro, concedeu esta semana uma entrevista tripla à RR, RTP2 e Público. Li-a segunda.feira. Ontem, passados dois dias fiz um exercício de memória sobre o seu conteúdo e, infelizmente, conclui que Mariano não só não disse nada de novo como mostrou não possuir uma agenda reformadora para um sector que, como o do ensino superior, está bem carente dela. Estranho, pensei. Afinal de contas o homem é conhecedor das águas em que nada e deve estar ciente dos problemas que afectam o ensino superior (e, ao que parece, também da ciência e tecnologia ou coisa que o valha). Na dúvida fui ler novamente e, na verdade, com poucas excepções reina o deserto. No deserto de Gago, os únicos oásis que se assinalam no discurso (e, como nós sabemos, do discursos à praxis vai uma enorme distância) de Gago são, sem grande entusiasmo, as mudanças ensaiadas no financiamento das instituições de ensino superior, a restrição à proliferação de instituições a replicar cursos de medicina (já agora, porque tantas restrições nesta área e nas restantes a política sempre foi tão laxista?), a critíca à forma ineficiente como muitas instituições de ensino superior gerem os serviços de acção social e ... nada mais. Depois diz umas banalidades sobre a reconversão de licenciados, estágios profissionais e formação especializada. Sobre as praxes indigna-se muito mas, apesar de ser ministro, não faz mais do que qualquer colega meu que envia e-mails de repúdio. Sobre Bolonha, avaliação e carreira docente, três áreas fundamentais duma agenda reformista, volta a dizer as frases bonitas que já todos conhecemos há vários anos mas sem que se conheça se vêm aí ou não decisões sérias sobre o assunto. Enfim, banal e muito aquém das expectativas.
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