GESTÃO PÚBLICA. O ministro das obras públicas, transportes e comunicações anunciou ontem que os gestores públicos passarão a ter uma remuneração variável em função do seu desempenho. Conceptualmente, mesmo dando o desconto de não ser claro qual a estrutura das remunerações, suas componentes fixas, variáveis e forma de cálculo da componente variável, a medida parece ser acertada. Mas Empreender confessa estar muito céptico. Estamos cépticos porque a experiência portuguesa nesta matéria tem mostrado que são sempre os mesmos que saem beneficiados (pense-se, por exemplo, no lamentável episódio dos gestores hospitalares que, mal viram as suas unidades empresarializadas, foi um salve-se quem puder), geralmente em prejuízo do colectivo. Depois, confesso, não deixa de ser paradoxal que a medida venha de um ministro, ex-comunista, que mesmo querendo dar uma ar da sua graça com "medidas amigas do capital", mostra reconhecidamente uma visão ultrapassada do seu sector. Empreender faz uma sugestão ao ministro: se quer verdadeiramente que muitas das empresas que tutela possuam melhores desempenhos, então não tem volta dar. Deve acelerar o programa de privatizações. Aí será o mercado a apurar o desempenho e não os gestores públicos nomeados pelo PS ou pelo PSD.