2006-10-12






Emprego científico em Portugal
Por Sílvio Brito

Na minha opinião, salvo melhor, o emprego científico em Portugal deveria ser pensado de uma outra forma. Como é um fenómeno mais ou menos recente, uma vez que antes da última década não se fazia sentir como nos dias de hoje, dado que a competitividade não era um fenómeno com as características de imprescindibilidade que tem hoje devido à globalização e à exigência de qualidade de produtos e serviços.

O crescimento de graus académicos especializados tem sido uma constante. Segundo dados do Conselho dos Laboratórios Associados em Ciência e Tecnologia, Portugal cresceu 12% ao contrário da União Europeia que cresceu 4% em 1998, e daí em diante. No entanto, aproveitamos menos que os nossos congéneres europeus.

Assim, deveríamos encarar este problema numa óptica de gestão estratégica de recursos humanos, aproveitando estas pessoas para inovar ou para melhorar organizações, produtos ou serviços. Haverá que procurar traduzir isto numa realidade evidenciando políticas proactivas de emprego, criando novas oportunidades, como por exemplo: criação de nichos de investigação nas empresas, sem restrições legislativas ou outras; desbloquear o congelamento da admissão de investigadores para os laboratórios do Estado (situação a meu ver ridícula e pouco estratégica e consentânea com a Constituição da República Portuguesa e com as palavras de Governos e de políticos); autorizar as escolas a auto-financiarem-se indo para além do exclusivo financiamento pela proporção docente/aluno, e estipular metas de qualidade colectivas (envolvendo várias áreas em simultâneo) e não individuais (os génios solitários são sempre mal compreendidos) às universidades e politécnicos, onde é necessário mais “fazer” do que “estar”.

Por outro lado, apoiar iniciativas locais e regionais, algo que já existe mas sem condicionalismos burocráticos, que na sua maior parte inviabilizam as iniciativas, cheios de prazos e regras que poucos entendem, e deixar as empresas financiar mecanismos de (e) unidades de investigação e desenvolvimento, para além do papel dos financiamentos públicos e dos proveitos obtidos como consequência do alcance das metas de qualidade acima citadas.

Em suma, interligar empresas e escolas, numa sã competitividade, procurando isso sim, exclusivamente inovar e melhorar. Fica aqui a ideia.


Sílvio Brito é licenciado em Gestão dos Recursos Humanos e Psicologia do Trabalho, pelo ISLA, Mestre em Gestão, na área do Comportamento Organizacional, pela Universidade Lusíada, e Doutorando em Psicologia Evolutiva e da Educação, pela Universidad de Extremadura, Espanha.
© Vasco Eiriz. Design by Fearne.