Não fosse a circunstância de Empreender ter leitores espanhóis e recorrer com frequência a cartazes do outro lado da fronteira, começaria já a espingardar com Espanha. De há umas semanas a esta parte estou a ser vítima de um fenómeno que, não sendo inédito, incomoda um pouco. Este fenómeno faz-me lembrar o mal-estar que a Telefónica causou quando entrou no Brasil. Consta que naquela altura enviava os comunicados de imprensa para as redacções brasileiras escritos em espanhol. Evidentemente, a coisa azedou porque o Brasil é um país grande, quase imperial, e, está-se mesmo a ver, não ia nesta conversa. Agora comigo está a passar-se algo semelhante. Tudo começou há escassas semanas quando entendi enviar um e-mail a reservar um hotel em Espanha. Na medida em que o hotel estava referenciado para as jornadas luso-espanholas de gestão, escrevi em português. Não obtive resposta. Nem à primeira, nem à segunda, nem à terceira mensagem enviadas ao longo de mais de uma semana. Até que saiu um fax em inglês delicadamente grosso. Aí o hotel respondeu. De forma incompleta, diga-se de passagem. Hoje mesmo recebo uma nova mensagem de um retalhista britânico que entende comunicar comigo em espanhol. Do mal, o menos, sempre é preferível receber mensagens em espanhol do que em português mal escrito como, infelizmente, acontece com muita empresa, não necessariamente espanhola, mas que opera a partir de Madrid ou Barcelona. Vá lá, sejamos sinceros: também há muita empresa portuguesa que escreve mal português.