As transparências que aparecem aqui em baixo foram apresentadas ontem num encontro de empresários na Associação Industrial do Minho, em Braga. Para ser rigoroso, fiquei com a ideia que na plateia estavam empresários e potenciais empresários da Escola Profissional de Braga. A selecção dos três "slides" expostos é curta e avulsa. Por estar incompleta e descontextualizada não permite, evidentemente, captar a mensagem, muito menos os argumentos. Mesmo assim, coloco-os aqui para experimentar uma nova funcionalidade de edição. Não se admirem, por isso, se o que conseguirem ver não passa de um grande espaço em branco, como temo que esteja a acontecer.
Não escondo que não estava particularmente motivado para esta comunicação. Receava que o que ía dizer podesse estar desenquadrado dos objectivos e daquilo que os organizadores pretendiam. Trata-se, enfim, de um fenómeno que pode perfeitamente acontecer e, por isso, a gente nunca sabe ao que vai. Mas gostei de ter participado neste evento e do que ouvi.
A minha intervenção estava agendada para o mesmo painél de um dos fundadores da Primavera Software. Foi gratificante conhecer o gestor mais importante de uma das principais empresas portuguesas de "software". Houve outras comunicações que valeram a pena mas permitam-me sistematizar de memória o trajecto da Primavera.
Fundada em 1987 por dois recém-licenciados, a empresa nasceu vocacionada para produzir "software". Foi uma das primeiras empresas instaladas a produzir aplicações empresariais para o Windows, beneficiando claramente de "first mover advantages" (desculpem o anglicismo). Desde aí tem sabido gerir o ecossistema do seu negócio; um ecossistema onde se movimentam espécies como a Microsoft.
Actualmente é líder no seu mercado - que julgo chamar-se de "software" para aplicações empresariais - com uma quota de 16 por cento do mercado doméstico. Pelos "slides" de Jorge Baptista fiquei com a ideia que está com a SAP à perna, o que não é de admirar. A facturação em 2005 foi de pouco mais de 7 milhões de euros. Possui 123 colaboradores com operações predominantemente em Portugal mas também com presença em Londres, Madrid e Luanda (não me recordo de mais cidades que tenha mencionado). O grande desafio que tem pela frente é a internacionalização e os seus objectivos apontam para que no espaço de três a cinco anos o peso da facturação doméstica fique, salvo erro, a baixo dos 50 por cento.
O que mais apreciei nesta apresentação foi, sobretudo, a humildade de quem construiu a empresa e a consciência das suas debilidades e das decisões que, olhando agora para trás, deveriam ter sido tomadas mas não o foram. Fazer um exercício sobre o que deveria ter sido feito no passado e não se fez é necessário; só assim se pode melhor equacionar o futuro. Ao fundador da Primavera bastava-lhe chegar à plateia e exibir um peito cheio de ar, porque o tem. Mas empreendedores desta estirpe não o fazem nem tão pouco necessitam de o fazer. Conforme eu próprio mencionei num outro "slide", empreendedores assim pensam no longo-prazo, não se iludem com o sucesso, possuem um espírito inquisitivo, questionam continuamente formas de pensar e agir, respondem ao mercado, são altamente profissionais e melhoram continuamente. Por isso, o fundador da Primavera não embandeirou em arco e, melhor do que ninguém, sabe os difíceis desafios que o mercado lhe tem colocado nestes quase 20 anos e vai continuar a colocar provavelmente com maior intensidade ainda.