Vou começar o ano a escrever um novo romance. Como os romances sobre conspiração internacional do tipo "Le Carré pós-11 de Setembro" estão muito na moda já tenho argumento. Estou ainda a tramar os detalhes do enredo mas posso adiantar que envolve um ex-ministro que é deputado do partido de um Governo. O ex-ministro representa os interesses locais duma grande multinacional do país vizinho. Na sequência da demissão do presidente duma entidade reguladora da energia, o Governo decide designar para o cargo um professor que foi em tempos secretário de estado daquele ex-ministro. Como esta coisa das multinacionais malfeitoras tem vendido algum papel, estou tentado a tornar a empresa do país vizinho no bombo da festa, mas começo a achar que realisticamente tenho que dar maior importância aos "boys" do partido que sustenta o Governo e à rapaziada do próprio Governo. A oposição protesta e como tal o enredo não se vai cingir a jogadas e operações de natureza económica do género OPA às escondidas. Terá também algum enredo político para entreter. Estando em causa a energia de um país dependente, penso recorrer ao venenoso Polónio 210. Talvez faça alguma ligação russa ao pessoal da Gazpron que nestes dias passou o preço do gás de 45 para 100 dólares por unidade. Ainda não decidi como o faça, mas sei que a coisa fica assim mais internacional. Neste momento tudo isto não passam de ideias ainda relativamente vagas para o argumento do meu novo romance.