2007-06-22

Distribuição de Dividendos
Por Vasco Eiriz

Furacão em Lisboa
Gosto de Lisboa. E por isso fiquei triste ao saber que Peter Hoeppe, especialista da Munich Re, uma das maiores resseguradoras do mundo, prevê que Lisboa possa ser atingida por furacões. O que me deixou triste não foram os furacões mas sim o facto da previsão ser só para daqui a 20 anos. Ora, como gosto de Lisboa, estava esperançado que surgisse algum furacão já no dia 15 de Julho, data das eleições para a câmara municipal. Infelizmente, pelo que dizem Peter e outros observadores atentos da realidade alfacinha, não é ainda desta que vai passar um furacão por Lisboa. Se dúvidas existissem sobre a necessidade de um furacão em Lisboa, ao leitor bastava ter-se deixado adormecer com o debate que a SIC Notícias promoveu esta semana com sete candidatos (serão estes os sete candidatos-maravilha de Lisboa?). E esta falta de furacões de que a municipalidade lisboeta está carente deixou-me triste porque eu gosto de Lisboa.

MAPA no mapa
Interessou-me saber o que é o MAPA, um projecto colaborativo entre a Universidade de Aveiro (Departamento de Comunicação e Arte), Universidade do Porto (Faculdade de Engenharia e Faculdade de Belas Artes) e Universidade Católica (Escola de Artes). A parceria acaba de lançar um prémio para "trabalhos académicos inovadores que aliem a arte à tecnologia digital". Embora desconheça o seu contorno, sei que este MAPA envolve outras iniciativas e sei também que a existência de projectos específicos com fins bem definidos é um bom incentivo para que as parcerias funcionem. Talvez, por isso, os gestores que passam o tempo a arquitectar escolas de negócio com o envolvimento de várias universidades a norte, tenham algo a aprender se consultarem o MAPA.

Vale tudo
Vou partilhar com o leitor uma das ideias mais "malucas" (não me ocorre adjectivo melhor) apresentadas este ano na disciplina de Empreendedorismo na Universidade do Minho, uma instituição que, a julgar por facadas recentes, também ela vive uma fase amalucada. A ideia intitula-se sugestivamente "Ultimate Figh Club". Logo no título fica a impressão de que se trata de um jogo para consola. Mas não, não é nada disso que se trata. Também não se fique a pensar que propõe facadas de alunos a professores. O que está em causa é algo de mais criativo. Nas palavras do proponente é "uma empresa promotora de lutas de vale tudo, coisa quase inexistente em Portugal, mas que já se encontra na fase inicial do seu desenvolvimento". Quando li pela primeira vez a proposta deste aluno, foi-me impossível conter uma gargalhada. Mas, entretanto, tenho ponderado seriamente o interesse da ideia, tanto mais que o contexto para o negócio – um território de seu nome Portugal – se oferece muito atractivo. Afinal de contas, pelo que aí se assiste diariamente – por exemplo, no debate sobre aeroportos – é caso para dizer que vale tudo. Parece, por isso, que o método de avaliação para algumas decisões públicas está cada vez mais a basear-se numa espécie de "lutas vale tudo". Como diria o nosso amigo proponente "é uma ideia com potencial excelente visto que está provado que a violência vende". O leitor ainda tem dúvidas? Então note que "se num local surgir uma luta, toda a gente vai a correr ver a luta". Pois bem, eu acho que é um pouco assim que se vai fazendo o debate das coisas mais sérias no país que dá pelo nome de Portugal. Vale tudo.

Distribuição de Dividendos, uma coluna com estatutos desblindados que não necessita de autorização da assembleia geral para distribuir dividendos e garante OPAs céleres.
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