2007-06-01

EmpreenLer

O Paulão
Por Pedro Chagas Freitas

Decidi, à partida para este texto, dedicá-lo à literatura portuguesa. Infelizmente, ainda não consegui, até agora, encontrá-la. Pelo que terei, por muito que me custe, de me dedicar a uma análise, profunda, aos livros do Paulo Coelho. Ainda não é desta, portanto, que falo sobre literatura.

E, desde logo, uma grande dificuldade se me depara neste meu objectivo. Explico: resolvi, como tiveram oportunidade de ler, encetar uma análise profunda aos livros de Paulo Coelho; mas, na realidade, depois de os ler de fio a pavio, percebi que uma leitura superficial dos livros dele é o mais profundo a que se pode chegar. É como ter uma casa com um só piso. Foquemo-nos, então, nesse piso.

Paulo Coelho é, perdoem-me o eufemismo, um escritor perfeito. A seu desfavor, só encontro, talvez, o facto de não saber escrever e de pensar que uma vírgula é um argumento estético que se pode usar de forma indiscriminada. E, olhando para o seu aspecto, desde logo se percebe que o afamado escritor brasileiro não prima propriamente pelo bom-gosto. Mas adiante.

Exceptuando o facto de não saber escrever, Paulo Coelho é imbatível em tudo o resto. Veste bem, fala como um padre perante a sua plateia, consegue fazer olhos de carneiro mal morto melhor do que a Soraia Chaves no “Crime do Padre Amaro”. É, teremos de o admitir, um verdadeiro prodígio. De tal maneira que, em meu entender, chamar-lhe escritor é terrivelmente redutor. É certo que ele escreve. É certo que vende milhões de livros. Mas uma coisa não está directamente relacionada com a outra.

Pedro Chagas Freitas, autor da coluna EmpreenLer, escreve. Há alturas, porém, em que consegue arranjar tempo para viver. Felizmente para o bem-estar de quem o rodeia, esses momentos são cada vez mais raros. Mais informações em www.pedrochagasfreitas.pt.vu
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