No espaço de poucos dias levei o Simão ao futebol pela segunda vez. Desta vez a um jogo duma coisa chamada liga intercalar que opôs o SC Braga ao Vitória SC de Guimarães. Foi logo pela manhã, pelo que o Simão estranhou. Na maior das ingenuidades questionou certeiramente com aquele fundo de verdade típico das crianças: «Então o Braga não joga só à noite?». Embora a evidência estivesse provavelmente do seu lado, lá lhe expliquei que às vezes o Braga também joga à tarde e até de manhã! Chegamos ao estádio e ficámos desapontados. Teria o jogo sido adiado? Seria a outra hora? Que não, aventurou-se o homem do bar da esquina. O jogo era provavelmente no outro estádio. Lá fomos na incerteza. No percurso entre a pedreira do Souto Moura e o 1.º de Maio dei comigo a pensar nos impropérios do homem do bar: que o Braga era um clube rico. Clubes ricos, em cidades ricas de países ricos são assim mesmo: um estádio não lhes chega, pensei. Para explanar todo o seu futebol necessitam de dois estádios. Ocorreu-me depois que se a nossa necessidade fosse de um centro de saúde, na impossibilidade de escolha, aí não haveria nada que enganar: um único de portas abertas com largas horas de espera garantidas. E às notícias que vão chegando por estes dias dos mais variados cantos do país, enquanto houver um centro de saúde aberto, nada mal. Em matéria de estádios de futebol, pelo vistos o problema é exactamente inverso: de tantos que há até nos perdemos. Não deixámos o jogo terminar - para o Simão e para o pai dele, isto de ligas intercalares tem pouco ritmo - e viemos embora. Saimos do estádio de tal forma com o rabo gelado que temi termos de ir ao centro de saúde!