De acordo com o Público de ontem, a generalidade das instituições de ensino superior público portuguesas não deverá optar pela sua transformação em fundações, uma possibilidade conferida pela nova lei de governação universitária. Ao que parece, por motivos que não são facilmente compreensíveis, em todas as instituições irá prevalecer a opção conservadora de manter a actual personalidade jurídica. Digo "ao que parece", porque nos próximos dias poderá ainda haver alguma instituição que venha a dar o passo – arriscado, é certo, mas potencialmente compensador – de se transformar em fundação.
Se tudo correr normalmente, com pena minha, não haverá heróis nem heroínas. Ou seja, nenhuma instituição quererá arriscar. Todas seguirão a estratégia mais confortável a que eu chamo "Maria vai com todas". Através desta estratégia, a Maria – uma tipa desprotegida, tonta, avessa ao risco, conservadora, que raramente pensa pela sua cabeça e está sempre a olhar para a vizinha – irá procurar proteger-se. Evidentemente, a Maria não é estúpida. Por vezes parece uma saloia, mas no fundo sabe bem o que quer. O certo é que o contexto – uma grande incerteza nas políticas governamentais do sector, uma Governo que faz jogo duplo com as instituições, um mercado imprevisível, e uns tachos em risco - também não lhe favorece o arrojo. Daí que a opção mais confortável para a Maria seja unir-se às suas amigas e todas elas trilharem o mesmo caminho. Protegem-se assim umas às outras, e nenhuma será ofuscada, precisamente porque a nenhuma será permitido brilhar.
Que à semelhança de Maria, a grande maioria das instituições não queira dar passos estruturalmente transformacionais é até compreensível num sector tradicionalmente conservador, avesso à mudança e que só sabe conjugar o termo inovação no discurso. Neste contexto de comportamento mimético baseado no mínimo denominador comum, ficam a ganhar sobretudo as medíocres porque ficam todas numa média demasiado baixa.
Uma das formas de terminar com este ciclo é alguma instituição ter a coragem de romper com as normas de comportamento cristalizadas. Para haver efeitos estruturais no sector, é necessário que essa opção seja desencadeada por um peso pesado. Se isso for feito por um politécnico obscuro é pouco provável que surta efeitos no sector. Se, no entanto, existir um verdadeiro "challenger", a inércia rompe-se. Por isso mesmo, embora não me pareça que vá existir essa coragem, seria interessante que a Universidade do Porto – a maior do país que tomará a sua decisão também esta semana –, ou qualquer outra com a sua dimensão ou importância, rompesse com o "status quo". Com a forma como em Portugal se premeiam os melhores, não é liquido que quem o faça desenvolva vantagem por ter sido a primeira a fazê-lo. Daí que também ninguém queira arriscar a dar o primeiro passo, embora esteja tudo à espreita. Mas o certo é que se alguém o fizer, o sector irá mudar muito mais rapidamente.
Se tudo correr normalmente, com pena minha, não haverá heróis nem heroínas. Ou seja, nenhuma instituição quererá arriscar. Todas seguirão a estratégia mais confortável a que eu chamo "Maria vai com todas". Através desta estratégia, a Maria – uma tipa desprotegida, tonta, avessa ao risco, conservadora, que raramente pensa pela sua cabeça e está sempre a olhar para a vizinha – irá procurar proteger-se. Evidentemente, a Maria não é estúpida. Por vezes parece uma saloia, mas no fundo sabe bem o que quer. O certo é que o contexto – uma grande incerteza nas políticas governamentais do sector, uma Governo que faz jogo duplo com as instituições, um mercado imprevisível, e uns tachos em risco - também não lhe favorece o arrojo. Daí que a opção mais confortável para a Maria seja unir-se às suas amigas e todas elas trilharem o mesmo caminho. Protegem-se assim umas às outras, e nenhuma será ofuscada, precisamente porque a nenhuma será permitido brilhar.
Que à semelhança de Maria, a grande maioria das instituições não queira dar passos estruturalmente transformacionais é até compreensível num sector tradicionalmente conservador, avesso à mudança e que só sabe conjugar o termo inovação no discurso. Neste contexto de comportamento mimético baseado no mínimo denominador comum, ficam a ganhar sobretudo as medíocres porque ficam todas numa média demasiado baixa.
Uma das formas de terminar com este ciclo é alguma instituição ter a coragem de romper com as normas de comportamento cristalizadas. Para haver efeitos estruturais no sector, é necessário que essa opção seja desencadeada por um peso pesado. Se isso for feito por um politécnico obscuro é pouco provável que surta efeitos no sector. Se, no entanto, existir um verdadeiro "challenger", a inércia rompe-se. Por isso mesmo, embora não me pareça que vá existir essa coragem, seria interessante que a Universidade do Porto – a maior do país que tomará a sua decisão também esta semana –, ou qualquer outra com a sua dimensão ou importância, rompesse com o "status quo". Com a forma como em Portugal se premeiam os melhores, não é liquido que quem o faça desenvolva vantagem por ter sido a primeira a fazê-lo. Daí que também ninguém queira arriscar a dar o primeiro passo, embora esteja tudo à espreita. Mas o certo é que se alguém o fizer, o sector irá mudar muito mais rapidamente.