A tertúlia que se realizou há dias na Universidade do Minho sobre a reforma do ensino superior foi deveras rica. Sobre ela já escreveram pelo menos os blogues Co-labor, Liberdade na UMinho e Universidade alternativa. Dada a riqueza e variedade das ideias que estiveram em debate, não cabe no âmbito desta mensagem repisar tudo aquilo que foi dito, desde logo porque o texto teria que ficar demasiado longo. Há, contudo, uma figura utilizada por um dos convidados para animar o debate -Alexandre Sousa da Universidade de Aveiro e editor do blogue Co-labor - que deve merecer reflexão. Trata-se da figura do "rolo compressor", algo que ilustra o processo de selecção natural que irão sofrer as instituições de ensino superior. De acordo com este argumento, não é sustentável que um país com a dimensão e os recursos de Portugal mantenha tantas instituições de ensino superior, o que irá desencadear um processo de selecção natural, ao qual Alexandre Sousa chamou "rolo compressor". Ou seja, vem aí um rolo lançado pelos governos de Bruxelas e Lisboa que esmagará muitas das instituições actualmente existentes. As instituições de fora de Lisboa são as mais frágeis e há espaços como, por exemplo, o norte do país, que não comportarão a existência das actuais universidades (no caso do norte, está em causa o Porto, Minho, Aveiro, e Trás-os-Montes e Alto-Douto) e do sem número de politécnicos que aí habitam (com o elevado risco de esquecer algum, prefiro não os inventariar). Dirá o leitor, com alguma razão, que esta é uma visão pessimista. Mas o certo é que na minha opinião ela é sobretudo realista.
Precisamente por causa deste problema, é que eu teria preferido ver a minha actual universidade - a do Minho - a aderir ao estatuto de fundação, o que lhe daria outros instrumentos para competir num mercado que, embora continue imensamente imperfeito, terá tendência a se aperfeiçoar. Se o desejava em teoria, mais o desejo na prática, pois as suas principais rivais - a Universidade do Porto, em particular, mas também a Universidade de Aveiro - expremiram intenções sérias de se reformar. No Minho, pelo menos por enquanto, iremos continuar a espreitar por um canudo.