Em vídeo muito apreciado, Ricardo Araújo Pereira advogava: «A falecer é agora... porque os mortos sempre têm p'ra onde ir..., enquanto o governo não manda fechar os cemitérios.» Já aqui se mencionou que não é bem assim pois há cemitérios que não dão conta do recado. Mais, no Primeiro de Janeiro de ontem surgiram novas provas de que não só é inconveniente falecer (algo que, aliás, já se suspeitava há muito) como, a faze-lo, não convém morrer longe de casa. A não ser que se tenham umas poupanças e boa disposição para viajar ... deitado. Isto é, o negócio da morte está bem vivo e pelas horas da morte: «A falta de várias especialidades médicas em Bragança leva a que muitos doentes acabem internados em hospitais de outras regiões do país. O problema é que em caso de morte, o Estado não se responsabiliza pelo regresso do corpo a casa. [...] “Já fui buscar muita gente ao IPO e ao Hospital de Santo António, no Porto”, contou João Peixoto, proprietário de uma funerária em Bragança, que reconhece que “quando se tem a infelicidade de morrer nestas circunstâncias é uma carga de trabalhos”. As funerárias cobram 50 cêntimos por quilómetro, o que no caso de um serviço no Porto, pode ascender a 250 euros, um valor que não inclui o preço do funeral que, segundo João Peixoto, “para ser digno”, nunca fica abaixo dos mil euros.» Diria uma ex-aluna de empreendedorismo que este é um bom mercado: os mortos nunca se queixam. E o Estado, claro, esse só garante rendimento minímo aos vivos. É assim a vida.