Hoje mesmo de manhã informaram-me que o gasóleo é mais barato 12 cêntimos em Espanha, e na gasolina a diferença é duns abismais 28 cêntimos por litro. Já à tarde ficou a saber-se que o ministro da economia, uma das personagens mais risíveis do actual Governo, pediu de urgência a actuação da Autoridade da Concorrência para averiguar o preço dos combustíveis em Portugal.
Chega tarde, o senhor ministro. Não teria valido a pena esperar tanto tempo. Se lesse este blogue, há já muito tempo que deveria estar alerta para o mais que provável conluio existente neste mercado. Vou aqui deixar-lhe uns breves registos de postas passadas.
Por exemplo, no já longínquo ano de 2005, em 3 de Março, este blogue escrevia o seguinte (coloco agora alguns destaques a azul para o senhor ministro ler melhor): «As notícias das últimas semanas sobre os resultados de várias empresas em 2004 dão que pensar. Já aqui tínhamos manifestado dúvidas sobre os resultados da TAP, a tal que anda agora a dizer-nos que voa mais alto. Bem mais positivos são os resultados do BCP e da CGD. Em conjunto, os dois maiores bancos portugueses chegam quase aos 1000 milhões de euros (200 milhões de contos)! A Brisa também não precisou de grande ginástica pata aumentar os seus resultados em mais de 20 por cento, atingindo mais de 180 milhões de euros de lucro em 2004!! Até a Galp não deixou que o aumento do preço do crude em 2004 afectasse as suas contas. Antes pelo contrário: teve o seu melhor ano de sempre!!! Haverá algo de comum a todas estas empresas? Empreender arrisca: ambientes de negócio altamente protegidos, com baixos níveis de rivalidade interna, reforçados por enquadramentos legais e fiscais paradisíacos. Foi você que pediu um país competitivo? Pois é, ser competitivo nestas condições não é grande arte.»
Mas será só isto? Talvez não. Isso mesmo alertou este blogue em 3 de Outubro de 2007. Nessa altura soube-se que «A Comissão Europeia multou a Galp Energia e outras petrolíferas, pelo facto de praticar uma fixação de preços na venda de betume para asfalto no mercado espanhol» (Agência Financeira, 3 de Outubro de 2007). E efectuava-se a seguinte sugestão: «Recomenda-se agora que para além do mercado do betume para asfalto em Espanha, a Comissão Europeia dê também uma vista de olhos no retalho dos combustíveis em Portugal. Fica feita a sugestão.» A questão é mesmo esta: se estas empresas concertam preços no mercado do betume em Espanha porque não faze-lo nos combustíveis em Portugal? Como se vê, o ministro, a autoridade e os gestores da Galp e Cia. (que, é bom lembrar, nos últimos anos incluem altos quadros socialistas que o ministro bem conhece do croquete) não vão descobrir nada que seja uma surpresa.