Guia para um Portugal competitivo
Por João Leitão
Na preparação de planos estratégicos de desenvolvimento articulados com os programas operacionais do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), para o período 2007 – 2013, há a necessidade latente de definir um posicionamento estratégico que rompa com as opções estruturais do passado, baseadas no cimento, no saneamento e, sobretudo, num pensamento taciturno arreigado à posição periférica atribuída, por alguns analistas, à porta de entrada na Europa Ocidental: Portugal.
O lançamento da obra Dimensões Competitivas de Portugal constitui um marco para todos os interessados em contribuir, verdadeiramente, numa base diária, para que Portugal se posicione de forma diferenciada, atendendo a necessidades já diagnosticadas ao nível da competitividade nacional. Com prefácio de Mira Amaral, o livro de 492 páginas é publicado pelas edições Centro Atlântico, na colecção Sociedade da Informação e foi lançado no dia 20 de Maio, na livraria Byblos Amoreiras, em Lisboa.
Além de ser um manual operacional facilmente acessível por empresários, consultores, gestores e estudantes, nesta obra efectua-se uma avaliação da competitividade, através da reunião e conjunção de três dimensões de análise: a territorial, a sectorial e a empresarial. A utilização conjunta destas dimensões permite apresentar contributos numa lógica de competitividade sustentável para a definição de um novo posicionamento estratégico de Portugal.
Os leitores poderão, ainda, analisar diversos casos e experiências em territórios e sectores produtivos, nos quais o empreendedorismo, a inovação e a logística são áreas críticas e estratégicas para a mudança do perfil produtivo e tecnológico, e do mapa de acessibilidades de Portugal.
Na prática, a obra analisa como os territórios, os sectores, as empresas e a logística podem contribuir para um país dotado de uma maior capacidade concorrencial, isto é, competitividade. A colecção de análises estratégicas converge num sentido: a necessidade de revitalizar os sectores tradicionais, como por exemplo, o têxtil, vestuário, calçado, moldes ou cortiça.
Tal facto deve-se à existência de trajectórias tecnológicas onde Portugal apresenta há muito tempo vantagens competitivas, que devem ser ampliadas mediante a incorporação de novas tecnologias.
A importância assumida pelos territórios na criação de dinâmicas de desenvolvimento associadas às vantagens competitivas decorrentes das concentrações espaciais de base industrial ou das especializações agro-alimentares assume uma importância estratégica que merece ser abordada de forma inovadora.
O "timing" para a execução de abordagens inovadoras que aliem a imagem de marca dos territórios às especializações produtivas ainda não expirou, mas a contagem decrescente já começou, e deve ser balizada de acordo com os objectivos e oportunidades associados ao QREN.
O tempo é de mudança no sentido da criação de uma nova cultura de cooperação territorial que contribua para o funeral desejado da rivalidade concelhia, muito típica de Portugal. Pois, por muitas e boas análises estratégicas que se façam, enquanto não derrotarmos a má alma lusitana decorrente da lógica de “quintinhas” que impera por todo o rectângulo nacional, será difícil discutir ou mesmo implementar guias que constituam abordagens ambiciosas verdadeiramente interessadas em melhorar o posicionamento competitivo de Portugal.
Duas últimas notas, muito recentemente, acordou-se para a triste realidade de que os jovens estão mergulhados num sono profundo, que os afasta da vida política activa e de intervenção social, através do exercício de cargos de direcção. É caso para perguntar que tipo de jovens? E porquê?
Sem querer ser mal entendido, eu devo dizer que Portugal apresenta hoje um deficit em matéria de governação institucional. E mais, infelizmente, percebo muito bem esse tal afastamento, mas continuo a preferir ser governado por velhos com cabeça de jovem, do que por jovens com cabeça de velho. Sempre por um Portugal mais competitivo.
João Leitão é professor auxiliar na Universidade da Beira Interior. Edita o New Economics Papers e coordena a edição da International Review of Business and Economics (nova edição da Revista de Gestão e Economia).
Por João Leitão
Na preparação de planos estratégicos de desenvolvimento articulados com os programas operacionais do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), para o período 2007 – 2013, há a necessidade latente de definir um posicionamento estratégico que rompa com as opções estruturais do passado, baseadas no cimento, no saneamento e, sobretudo, num pensamento taciturno arreigado à posição periférica atribuída, por alguns analistas, à porta de entrada na Europa Ocidental: Portugal.
O lançamento da obra Dimensões Competitivas de Portugal constitui um marco para todos os interessados em contribuir, verdadeiramente, numa base diária, para que Portugal se posicione de forma diferenciada, atendendo a necessidades já diagnosticadas ao nível da competitividade nacional. Com prefácio de Mira Amaral, o livro de 492 páginas é publicado pelas edições Centro Atlântico, na colecção Sociedade da Informação e foi lançado no dia 20 de Maio, na livraria Byblos Amoreiras, em Lisboa.
Além de ser um manual operacional facilmente acessível por empresários, consultores, gestores e estudantes, nesta obra efectua-se uma avaliação da competitividade, através da reunião e conjunção de três dimensões de análise: a territorial, a sectorial e a empresarial. A utilização conjunta destas dimensões permite apresentar contributos numa lógica de competitividade sustentável para a definição de um novo posicionamento estratégico de Portugal.
Os leitores poderão, ainda, analisar diversos casos e experiências em territórios e sectores produtivos, nos quais o empreendedorismo, a inovação e a logística são áreas críticas e estratégicas para a mudança do perfil produtivo e tecnológico, e do mapa de acessibilidades de Portugal.
Na prática, a obra analisa como os territórios, os sectores, as empresas e a logística podem contribuir para um país dotado de uma maior capacidade concorrencial, isto é, competitividade. A colecção de análises estratégicas converge num sentido: a necessidade de revitalizar os sectores tradicionais, como por exemplo, o têxtil, vestuário, calçado, moldes ou cortiça.
Tal facto deve-se à existência de trajectórias tecnológicas onde Portugal apresenta há muito tempo vantagens competitivas, que devem ser ampliadas mediante a incorporação de novas tecnologias.
A importância assumida pelos territórios na criação de dinâmicas de desenvolvimento associadas às vantagens competitivas decorrentes das concentrações espaciais de base industrial ou das especializações agro-alimentares assume uma importância estratégica que merece ser abordada de forma inovadora.
O "timing" para a execução de abordagens inovadoras que aliem a imagem de marca dos territórios às especializações produtivas ainda não expirou, mas a contagem decrescente já começou, e deve ser balizada de acordo com os objectivos e oportunidades associados ao QREN.
O tempo é de mudança no sentido da criação de uma nova cultura de cooperação territorial que contribua para o funeral desejado da rivalidade concelhia, muito típica de Portugal. Pois, por muitas e boas análises estratégicas que se façam, enquanto não derrotarmos a má alma lusitana decorrente da lógica de “quintinhas” que impera por todo o rectângulo nacional, será difícil discutir ou mesmo implementar guias que constituam abordagens ambiciosas verdadeiramente interessadas em melhorar o posicionamento competitivo de Portugal.
Duas últimas notas, muito recentemente, acordou-se para a triste realidade de que os jovens estão mergulhados num sono profundo, que os afasta da vida política activa e de intervenção social, através do exercício de cargos de direcção. É caso para perguntar que tipo de jovens? E porquê?
Sem querer ser mal entendido, eu devo dizer que Portugal apresenta hoje um deficit em matéria de governação institucional. E mais, infelizmente, percebo muito bem esse tal afastamento, mas continuo a preferir ser governado por velhos com cabeça de jovem, do que por jovens com cabeça de velho. Sempre por um Portugal mais competitivo.
João Leitão é professor auxiliar na Universidade da Beira Interior. Edita o New Economics Papers e coordena a edição da International Review of Business and Economics (nova edição da Revista de Gestão e Economia).