Choque petrolífero III
Por José Figueiredo
Em 1973, pela primeira vez, o mundo deu-se conta de que o ouro negro existia mesmo. Isto é, o petróleo apesar de ser escuro e lânguido, reluzia quase tanto como o ouro. Por esta altura, o barril de petróleo valia menos de 10 dólares. Este valor parece pouco, mas o incremento que teve na altura, conduziu a muitas lutas em bombas de combustível dos países desenvolvidos, cenas caricatas de vontades pontuais de voltar à tradicional bicicleta e tentativas de bloqueio a nível geopolítico.
Depois do barulho do primeiro choque petrolífero, veio o segundo em meados da década de 80, motivado pela pressão da OPEC (cartel internacional do petróleo, dirigido pelos maiores produtores do Médio Oriente), o qual se estendeu até à primeira guerra do Golfo em 1991. Em Janeiro de 1991, o preço do barril de petróleo estava próximo dos 25 dólares.
Como é habitual, depois da tempestade vem a bonança. E a bonança foi tal que em Dezembro de 1998 o preço do barril de petróleo voltou a registar um dígito: 9,48 dólares. Ou seja, os países mais desenvolvidos e mais gastadores de combustível tinham corrigido muitos dos seus problemas de excesso de consumo e em conjunto com o aparecimento de novas ferramentas aplicadas na prospecção petrolífera que conduziram a uma maior oferta no mercado fizeram arrefecer o preço do barril de petróleo.
O terceiro choque petrolífero iniciou-se no final da década de 90, quando as notícias permanentes sobre os estonteantes crescimentos económicos chineses deixavam os países tradicionalmente mais ricos, levemente preocupados. Assim, em Setembro de 1999, o barril de petróleo tinha ultrapassado novamente os 20 dólares. Desde esta altura, até agora, o preço do petróleo não parou mais de crescer. Em Setembro de 2000, passou os 30 dólares. Em Outubro de 2004, ultrapassou os 40 dólares. E em Março de 2008, ultrapassou a fasquia dos 100 dólares.
Estaremos perante o fim de um ciclo de vida do planeta? Seremos capazes de reconverter todo o nosso modo de vida? Os automóveis, os camiões, os aviões, as fábricas e as cozinhas poderão vir a trabalhar com outro tipo de energia, alternativa aos derivados de petróleo? Pensamos sinceramente que sim. Contudo, tal como se verificou no primeiro choque petrolífero e também no segundo, a correcção leva sempre tempo, e por pouco que seja, é sempre dura a mudança.
De forma mais liberal ou com maior intervenção dos Estados, os cidadãos vão ter que perceber que os recursos do planeta são finitos, mas têm que ser repartidos por todos os seres humanos. Ou dito de forma mais explícita, o grande boom económico que se verifica nas economias emergentes (China, Rússia, Brasil, Índia e África do Sul), levará inexoravelmente a um maior consumo de energias e de matérias-primas, e os países mais ricos do mundo não podem impedir este acto de justiça.
José Figueiredo é licenciado em Gestão de Empresas pelo ISCTE e pós-graduado em Marketing pela Universidade Católica Portuguesa. Possui vasta experiência profissional em empresas como a Siemens, Mundial Confiança, Knorr Portuguesa, e Rural Seguros. Foi director de formação de executivos no Instituto Superior de Gestão. Actualmente é docente do Instituto Politécnico de Santarém, consultor e doutorando em Ciências Empresariais na Universidade do Minho.
Por José Figueiredo
Em 1973, pela primeira vez, o mundo deu-se conta de que o ouro negro existia mesmo. Isto é, o petróleo apesar de ser escuro e lânguido, reluzia quase tanto como o ouro. Por esta altura, o barril de petróleo valia menos de 10 dólares. Este valor parece pouco, mas o incremento que teve na altura, conduziu a muitas lutas em bombas de combustível dos países desenvolvidos, cenas caricatas de vontades pontuais de voltar à tradicional bicicleta e tentativas de bloqueio a nível geopolítico.
Depois do barulho do primeiro choque petrolífero, veio o segundo em meados da década de 80, motivado pela pressão da OPEC (cartel internacional do petróleo, dirigido pelos maiores produtores do Médio Oriente), o qual se estendeu até à primeira guerra do Golfo em 1991. Em Janeiro de 1991, o preço do barril de petróleo estava próximo dos 25 dólares.
Como é habitual, depois da tempestade vem a bonança. E a bonança foi tal que em Dezembro de 1998 o preço do barril de petróleo voltou a registar um dígito: 9,48 dólares. Ou seja, os países mais desenvolvidos e mais gastadores de combustível tinham corrigido muitos dos seus problemas de excesso de consumo e em conjunto com o aparecimento de novas ferramentas aplicadas na prospecção petrolífera que conduziram a uma maior oferta no mercado fizeram arrefecer o preço do barril de petróleo.
O terceiro choque petrolífero iniciou-se no final da década de 90, quando as notícias permanentes sobre os estonteantes crescimentos económicos chineses deixavam os países tradicionalmente mais ricos, levemente preocupados. Assim, em Setembro de 1999, o barril de petróleo tinha ultrapassado novamente os 20 dólares. Desde esta altura, até agora, o preço do petróleo não parou mais de crescer. Em Setembro de 2000, passou os 30 dólares. Em Outubro de 2004, ultrapassou os 40 dólares. E em Março de 2008, ultrapassou a fasquia dos 100 dólares.
Estaremos perante o fim de um ciclo de vida do planeta? Seremos capazes de reconverter todo o nosso modo de vida? Os automóveis, os camiões, os aviões, as fábricas e as cozinhas poderão vir a trabalhar com outro tipo de energia, alternativa aos derivados de petróleo? Pensamos sinceramente que sim. Contudo, tal como se verificou no primeiro choque petrolífero e também no segundo, a correcção leva sempre tempo, e por pouco que seja, é sempre dura a mudança.
De forma mais liberal ou com maior intervenção dos Estados, os cidadãos vão ter que perceber que os recursos do planeta são finitos, mas têm que ser repartidos por todos os seres humanos. Ou dito de forma mais explícita, o grande boom económico que se verifica nas economias emergentes (China, Rússia, Brasil, Índia e África do Sul), levará inexoravelmente a um maior consumo de energias e de matérias-primas, e os países mais ricos do mundo não podem impedir este acto de justiça.
José Figueiredo é licenciado em Gestão de Empresas pelo ISCTE e pós-graduado em Marketing pela Universidade Católica Portuguesa. Possui vasta experiência profissional em empresas como a Siemens, Mundial Confiança, Knorr Portuguesa, e Rural Seguros. Foi director de formação de executivos no Instituto Superior de Gestão. Actualmente é docente do Instituto Politécnico de Santarém, consultor e doutorando em Ciências Empresariais na Universidade do Minho.