José Figueiredo que anda por estes lados a tratar da nossa saúde, alerta-me para o texto de Fernando Sobral (Jornal de Negócios, 12 de Novembro de 2008) intitulado "O país Botox": «O Botox tornou-se o símbolo perfeito destes anos dourados que se iniciaram nos anos 80 e que terminaram, sem pompa, nos últimos meses. O Botox permitia iludir as rugas e transmitir a imagem de que tudo era eternamente novo e imaculado. Ele foi a magia que permitiu ao BPN viver, durante anos, como um debutante sem pecados. O Botox do BPN não permitiu que o Banco de Portugal ficasse com rugas, provocadas pelas dúvidas. Pelos vistos só deixou de funcionar quando a temível justiceira Segurança Social decidiu tirar de lá cerca de 300 milhões de euros, deixando à vista de todos os traços de velhice do banco de Oliveira e Costa. O Botox permitiu que o bloco central de interesses só tivesse entrado em pânico quando, devido à crise financeira mundial, foi impossível tapar o buraco do BPN com um robusto investimento externo. A beleza não dura sempre, mas o lusitano Botox ajudava. No fundo, o caso BPN mostra o jogo de máscaras existente, embora seja cada vez mais difícil eliminar as rugas que vão contaminando outros adeptos da juventude eterna, como Vítor Constâncio. A noção com que se fica é que no caso BPN todos compraram Botox para alimentar a imagem jovem que ostentaram nestes anos de leviandade e compromisso. O Botox era falsificado, descobre-se agora. Mas, pelos vistos, ninguém vendeu o produto, ninguém reparou que ele estava contaminado e a única fava saiu a quem não teve hipótese de o comprar. Portugal é mesmo um país Botox: as rugas são só para as pessoas comuns e que se têm de preocupar.»