Dei comigo a pensar como responder a algumas das questões aqui colocadas sobre o perfil dos membros externos no conselho geral duma universidade. O problema é novo na governação universitária em Portugal mas, pode afirmar-se, existe já uma pequena experiência acumulada resultante do facto das assembleias estatutárias que elaboraram os novos estatutos das universidades terem incorporado, nos últimos meses, figuras em qualidade similar. Ao mesmo tempo que identificava uma série de conselhos gerais por esse país fora, ocorreram-me as seguintes quatro características que um conselheiro externo deveria reunir: reputação, estatuto, influência, independência. Reputação ou prestígio significa que a pessoa deverá ter uma projecção de âmbito nacional e/ou internacional que a torne suficientemente conhecida e com poder simbólico. Por exemplo, Cristiano Ronaldo ou Soraia Chaves reunem garantidamente este requisito. O estatuto está associado ao perfil curricular da pessoa. Isso confere-lhe uma determinada posição em termos de funções empresarias, políticas, académicas, de investigação, artísticas ou outra. Por exemplo, qualquer ex-presidente da república reune esta qualidade. Influência significa que a pessoa deverá deter poder de tal forma que seja capaz de influenciar a tomada de decisões importantes, sejam estas de natureza políticia e/ou empresarial. Este é o caso, por exemplo, de líderes empresariais como Belmiro de Azevedo. Finalmente, a independência deverá garantir que a pessoa não está associada a alguns interesses de grupo ou particulares instalados na instituição. Analisadas detalhadamente, estas quatro características reforçam-se e explicam-se umas às outras. Não será difícil encontrar pessoas que reunam pelo menos uma das características, mas as quatro juntas não é nada fácil. Estas características são um ponto de partida interessante para procurar potenciais nomes. Sendo certo que as figuras escolhidas serão, em certa medida, um espelho da instituição, então todo o cuidado na escolha é pouco.