2009-06-07

Laboratório

Spin-offs académicas
Por Cláudia Fançony, Liliane Gomes, Renata Pompêo Luques e Rose Marie Sousa

As spin-offs académicas são um meio de transferência de tecnologia das universidades para o mercado, sendo um mecanismo óptimo para a criação de emprego e dinamização da economia do país. Assim, as spin-offs académicas são consideradas jovens empresas criadas e apoiadas pelas universidades e pelos indivíduos ligados institucionalmente a estas. A sua criação resulta de um processo interactivo em que as características intrínsecas dos indivíduos, a existência de um ambiente motivador e propício e a natureza do envolvimento com a instituição, constituem forças motrizes. Deste modo, são considerados aspectos fulcrais os atributos do investigador e as suas características empreendedoras (perfil psicológico, experiências, know-how tecnológico) assim como a sua capacidade de formar e se integrar em equipas empreendedoras - empreendedorismo colectivo. Por outro lado, o papel das universidades e centros de investigação é extremamente relevante. As actividades destas devem incluir a promoção das interacções entre a comunidade científica e o ambiente externo e a criação de políticas de apoio (aliar-se às incubadoras, programa de financiamento) afim de rentabilizar as suas pesquisas.


© OnuR

O processo de criação de spin-offs académico pode envolver quatro fases sucessivas e interactivas. Estas contemplam a geração da ideia de negócio, a sua consolidação e elaboração do projecto, a abertura da spin-off e sua implementação, e finalmente a criação de valor económico através da comercialização. Ao longo deste processo verifica-se um grande envolvimento das incubadoras ou gabinetes de transferência tecnológica que participam na formação de uma equipa multidisciplinar avaliando a viabilidade económica e tecnológica do projecto, facilitando o acesso a bens tangíveis/intangíveis e orientando também para aspectos legais e para o desenvolvimento de protótipos.

Constata-se que a evolução das spin-offs depende de uma série de factores relacionados com a maturidade do empreendedor, os recursos iniciais e o modelo de negócios seleccionado. Deste modo, numa spin-off pode-se observar a transição de fases precoces para fases mais avançadas, passando de uma spin-out para start-up. Em contrapartida, o sucesso da pequena empresa está directamente relacionado com a sua sustentabilidade e aquisição de autonomia. Estas capacidades desenvolvem-se através de uma orientação empreendedora e de relações e/ou associações com outras organizações. Salienta-se que a orientação empreendedora abrange características que a equipa multidisciplinar deve exibir sendo a motivação, a atitude pró-activa e inovadora, considerações favoráveis para que a empresa compita no mercado, se posicione e cresça.

Considera-se que tanto a spin-off como a organização que lhe deu origem devem encarar a criação de empresas de base tecnológica como algo de proveitoso para ambas as partes. Apesar de existirem barreiras a vários níveis (financeiros, legais, institucionais), deve existir uma predisposição e um compromisso em prol da valorização da tecnologia desenvolvida no seio das universidades.

Laboratório é uma coluna da autoria de alunos de unidades curriculares lecionadas pelo editor deste blogue. Os textos publicados, sujeitos a edição, baseiam-se na revisão de artigos académicos.

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