«Para o economista chefe do FMI o esforço de consolidação orçamental pode durar 20 anos e, nesse âmbito, sacrificar salários para recuperar competitividade será uma medida inevitável. Numa entrevista hoje divulgada pelo jornal italiano La Repubblica, Olivier Blanchard declarou que "a adaptação é mais fácil para os países que podem desvalorizar a sua moeda", o que não acontecerá "nos países que não têm essa opção", onde "o aperto será extremamente doloroso". Portugal está nesta situação. Segundo o economista chefe do FMI, que nunca citou países, o processo exigirá esforços concertados que levarão "mais de 10 ou 20 anos". A curto prazo, segundo alertou, nos países que têm baixas taxas de crescimento os "sacrifícios sobre os vencimentos serão inevitáveis, a fim de recuperar a competitividade". Falando em termos mais gerais, Blanchard referiu que os governos na Europa e nos Estados Unidos terão que impor cortes na despesa e aumento de impostos para colocar as finanças públicas em ordem, face ao actual cenário de crise económica.» (Diário Económico, 23 de Fevereiro de 2010)