[continuação] O regresso do Vespa World Days ocorreu domingo, último dia do evento. Sem surpresa. A duração da viagem levou-me a abdicar das cerimónias programadas para esse dia, notavelmente a benção das Vespas no santuário de Fátima. Algo de que provavelmente a LX estaria carente, pensei lembramdo-me do evento de Janeiro passado. Ainda assim, que Deus me perdoe, mas penso que aliviei a alma e o compensei suficientemente com a participação na Procissão das Velas da véspera, abdicando do jantar de gala Vespista.
No regresso optei por despachar a carga no Ford com toda a família. A única precaução havida, distinta da viagem de vinda, foi carregar um litro de óleo, não fosse o motor a dois tempos da LX 50 pedir a vitamina. As primeiras horas da viagem - com saída de Fátima às 8:15 de um dia que despertou fresco - foram tranquilas. O forte calor previsto só começou a fazer-se sentir ao final da manhã, tendo sido particularmente penoso na passagem por Oliveira de Azeméis.
Bem antes disso, para além de ter sido ultrapassado por quatro beldades italianas que também regressavam a casa, um nota de registo na zona de Condeixa, onde as obras da Nacional 1 nos pregaram um susto valente, a ameaçar atirar a Vespa ao chão. Tudo porque o piso de alcatrão estava todo ele raspado com sulcos longitudinais bem profundos, afim de neles ser colocado um novo piso, provavelmente no dia seguinte. Aí as rodas pequenas da Vespa perderam a aderência e, sobretudo, o equilíbrio, de tal forma que mantê-la estavel se revelou tarefa ao sabor do acaso. Como travar seria ainda mais arriscado, temi uma queda. Atrás de nós ía um Mercedes escuro, classe C, daqueles modelos mais quadrados. O condutor e a sua senhora - um casal de meia-idade - devem ter-se apercebido das dificuldades que passávamos. Talvez por isso, sós nos ultrapassaram após o troço em obras.
Em Coimbra entrámos na cidade para respirar o Mondego. E não me saía do pensamento a tragédia ocorrida ali perto (num acesso à ponte de St. Clara) dias antes, em que um jovem de pouco mais de 20 anos num ciclomotor viu a cabeça esmagada até à morte por um camião. Depois de passar Coimbra, não foi fácil retomar a EN1/IC2 sem contornar a proibição a ciclomotores que nos surgia em cada acesso à via. Algo que acabaria por se resolver ao fim de muitos quilómetros a questionar transeuntes e a passar outros tantos atalhos e caminhos manhosos. Também em Águeda, a passagem se fez pelo centro da cidade, onde gostei de cruzar o rio na baixa. Lembrei-me das inúmeras viagens de autocarro por aquele troço, quando a A1 entre Lisboa e Porto não estava ainda terminada.
Depois da passagem do Douro, chegou finalmente uma brisa fresca que se tornou quase gelada na aproximação à Foz do Porto. Com a subida da circunvalação, em direcção à Nacional 14, também a temperatura começou a subir. Com uma declinação bem superior à da estrada, quase a estorrar. A entrada na Via Norte e sua passagem fez-se com cuidados redobrados. Ao contrário da ida, neste sentido o piso estava em perfeitas condições. O que incentiva automobilistas a excederem-se na velocidade. Já no final da via, na bifurcação para Braga e para Viana do Castelo, dois carros ultrapassam-nos em simultâneo a uma velocidade descomunal, um pela direita em direcção a Viana do Castelo, o outro pela esquerda rumo a Braga. E nós no veio, apertadinhos e um bocado assustados.
A partir daqui, em território ainda mais próximo e familiar, o percurso continuou com normalidade, num domingo em que o intenso calor e a praia talvez tenham justificado menor trânsito do que estava à espera. Ainda assim muitos carros na estrada. O calor, esse era abrasador. E na chegada a casa, a meio da tarde, foi curioso ver o grande contraste de côres na transição entre a parte descoberta e a parte coberta do braço pela meia-manga da t-shirt. Sinais de um forte sol, a pedir hidratação.