A entrada de hoje trás uma notícia triste: a venda do Volvo. Foi vendido com a sensação de que este S60 2.0 T Optima vai deixar saudades.
Foi vendido por motivos estritamente racionais. Da mesma forma que tinha sido comprado por razões exclusivamente emocionais, embora se possa afirmar que eram baseadas num argumento supostamente racional. Confuso? Explico-me.
Veio ter comigo em Fevereiro de 2009, num momento em que procurava carro. Veio ter comigo por sugestão do Manuel Melo da AutoSueco, a quem tinha dito uns meses antes que se ele retomasse um S60 a gasolina, eu poderia estar interessado. E assim foi. Com a seguinte racionalidade: o investimento na aquisição deste carro em segunda mão com meia-dúzia de anos era em tudo idêntico ao da aquisição de um utilitário em estado novo. Comprei-o pois com o intuito de ser um segundo carro, assim como quem compra um utilitário para fazer poucos quilómetros.
E tratar um S60 como um segundo carro para utilizações escassas em cidade e uma ou outra saída em estrada é um erro. É um erro porque um carro destes não suporta estar parado (ou, mais rigorosamente, eu não o suportava parado) e necessita de boas (e longas) estradas para mostrar o seu potencial. É esse o terreno de eleição de um estradista puro, não a garagem e umas voltas escassas numa cidade curta.
Em 17 meses fez 12016 km, ainda assim mais do que o normal devido à utilização mais intensa que a campanha autárquica de 2009 proporcionou. O único ponto fraco deste S60, que já se lhe conhecia antes da compra é o consumo: com esforço conseguem-se médias de nove litros, mas, mais realisticamente, andam pelos 10 litros ou ainda mais caso o condutor tenha o pé pesado.
Com o uso descobri-lhe outras pequenas fragilidades, nada de grave: i) uma brecagem deveras escassa que dificulta meias-voltas; ii) uma caixa de velocidades pouco precisa e algo dura, o contrário do que estava habituado no A4; iii) a sua grande dimensão recomendaria igualmente sensores de estacionamento atrás, algo que o condutor habituado a esta mordomia sente falta; iv) no meu caso confesso ainda que o acesso a um carro baixo - e o S60 é praticamente um coupé - me incomodava um pouco a coluna. Os aspectos positivos sobrepõem-se, contudo, aos pontos fracos: i) para além do desempenho de um motor com cinco cilindros a debitar 183 cavalos, o conforto está bem presente, para o que contribui os excepcionais bancos em pele; ii) a mala também se destacou pela positiva e embora não permita carregar objectos demasiado altos, possui uma capacidade superior ao que imaginei.
O S60 é um carro de paixões. Saiu entretanto este ano um novo modelo, o último desenvolvido antes da Volvo ser adquirida por uma empresa chinesa. Já andei a estudar o assunto mas o facto de ter uma mala com capacidade que estimo ser inferior em 10 por cento à do "meu" modelo, exclui-o de qualquer possibilidade de compra. Pelo menos para primeiro carro!