Eu diria, deixe-o sair e vá embora com ele

Está interessante, a carta aberta que Mário David escreveu ao Primeiro-Ministro:

«Por uma questão de responsabilidade e sentido de Estado, aguardei pelo fim da Cimeira da NATO para lhe dirigir esta carta aberta.

No seio dos seus Governos, habituámo-nos a ver no Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, uma das raras (senão mesmo a única) vozes de bom senso e ponderação. Por isso a estupefacção com que fomos surpreendidos pela irresponsabilidade e ligeireza com que o seu Ministro referiu, na entrevista concedida a semana passada ao Expresso, a possibilidade de Portugal vir a abandonar o Euro!

Mesmo se aquele prestigiado Semanário teve o cuidado e a sensatez de não valorizar como título da entrevista, foram obviamente as longas e detalhadas referências a este tema que tiveram, ao longo desta semana, um desastroso impacto na imprensa internacional, com nefastas consequências nos mercados e a permanente escalada dos juros da dívida nacional.

Há muito que se murmura que o Ministro dos Negócios Estrangeiros pretende abandonar o Executivo e, particularmente depois da tomada de posse deste Governo, que se refere como horizonte temporal justamente a Cimeira da NATO. Dirá o Senhor Primeiro-Ministro, com o seu optimismo militante, que não passam de rumores sem fundamento, mas partes da referida entrevista são também perfeitamente explícitas neste sentido.

Imagino quanto deve ser difícil conseguir, na catastrófica conjuntura em que nos mergulhou, que alguém prestigiado aceite um convite para integrar o seu Governo.

É que só consigo entender a imprudência, a falta de patriotismo e de sentido de Estado (comportamento totalmente estranho e anómalo em Luís Amado) como um desesperado e lancinante apelo para ser exonerado. Ser um bom Ministro não deve ser um castigo! Faça-lhe o favor: deixe-o sair!

Com os melhores cumprimentos
Mário David
Eurodeputado do PSD
Vice-Presidente do Partido Popular Europeu»