2012-10-03

Mais uma estranha faceta da crise e da austeridade

Em tempos de crise, para além da recessão, traduzida geralmente em quedas do volume de vendas das empresas, um dos fenómenos mais interessantes de compreender é de que forma as quotas de mercado evoluem. Seria, por exemplo, expectável que, à medida que a maioria dos consumidores se torna mais sensível ao preço, as empresas posicionadas em segmentos de preço baixo aumentassem a sua quota de mercado em detrimento de operadores com estratégias menos focalizadas no preço. Este é um argumento sensato e fácil de explicar. Mas, parece que nem sempre é assim. Hoje soube-se que no mercado automóvel português - um sector bem fustigado pela crise - quase todas as marcas estão a reduzir vendas, mas aquelas que estão a resistir melhor são as de gama alta, ao ponto da Mercedes ter alcançado um notável terceiro lugar nas vendas de setembro, a BMW ter atingido o quinto lugar, e em sexto lugar surgir a Audi com um crescimento de 16 por cento nas suas vendas quando comparadas com igual mês de 2011! Aliás, BMW e Audi são as únicas a aumentar vendas num mercado que possui uma queda aproximada de 30 por cento!!! É certo que estes comportamentos podem ser meramente conjunturais e parcialmente explicados pelo lançamento de novos produtos que puxam as vendas para cima. Mas será que também as outras empresas não estão a lançar novos modelos no mercado? Estranha crise esta em que vivemos.
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