2013-03-09

Criatividade, investigação, pensamento e acção

Escolher um tópico de investigação não é habitualmente um exercício simples, mas é algo que pode ser "descomplicado". Conforme se afirma algures neste documento, existem algumas vias que podem auxiliar a despistar temas interessantes. Uma dessas vias que quero aqui ilustrar é aquela que nos diz que um tema pode ser escolhido com base num problema ou necessidade sentida no mercado ou numa organização. Ou numa pessoa. Vou dar um exemplo. Este exemplo retrata uma necessidade específica de um consumidor de música via Last.fm. Essa pessoa admira-lhe as qualidades, sobretudo do tempo em que era uma start-up criativa. Mesmo depois de adquirida por uma das majors do sector e ter perdido o seu impeto inicial, não deixou de socorrer-se dela. Embora lhe aponte limitações, continua a reconhecer-lhe virtudes. Recentemente, entrou no mercado português um outro operador de seu nome Spotify. Isto gerou uma dúvida, e esta dúvida permitiu equacionar um problema prático bem simples: quais as diferenças e semelhanças entre estes dois operadores? Que outros operadores existem neste negócio? Que modelos de negócio sustentam estes e outros operadores que descobriu entretanto suscitado pela curiosidade do tema?

Filature EDP by Harm Rhebergen
Filature EDP, a photo by Harm Rhebergen on Flickr.

Em síntese, questões de partida elementares - por vezes do dia-a-dia - podem gerar dezenas de hipóteses de investigação e problemas bem práticos e interessantes. Ao qual, evidentemente, para assumir a dimensão de um projecto de pesquisa, é necessário dar enquadramento temático em termos científicos e de pesquisa.

Naturalmente, no exemplo acima, a forma mais fácil de um consumidor enquadrar um problema é precisamente na óptica do ... consumidor. Mas essa óptica a que recorrem frequentemente os investigadores menos despertos pode ser pobre ou insuficiente. Se para além dessa óptica, tivermos a capacidade de captar outros ângulos e profundidades, a realidade fica mais clara. No exemplo apontado, se equacionarmos o problema anterior na perspectiva de cada uma das duas ou mais organizações em causa, na perspectiva do negócio, na perspectiva do sector de actividade, ou noutras perspectivas, então a quantidade de temas que podem surgir é enorme. Haja criatividade, investigação, pensamento e acção.

Se estiver presente uma abordagem destas, provavelmente é mais fácil arrancar com uma pesquisa. Pelo menos é viável arrancar com uma pesquisa de interesse prático à qual é necessário adicionar estudo para que essa pesquisa ganhe outro tipo de textura e relevância. Há, evidentemente, outras abordagens para identificar tópicos de pesquisa, precisamente aquelas identificadas algures neste documento.
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