Na crónica desta semana do Jornal de Barcelos apliquei um clássico da teoria organizacional que passou já os 40 anos de idade. Trata-se do artigo "The Garbage Can model of organizational theory" da autoria de Michael D. Cohen, James G. March, e Johan P. Olsen, publicado na Administrative Science Quarterly (vol. 17, n. 1, pp. 1-25) no longínquo ano de 1972. Um clássico que é sempre actual e válido, qualquer que seja o tempo e o contexto organizacional. Conclui-se que aquilo que os autores constataram é muito actual em Portugal e nas suas organizações. Ou seja, o "caixote de lixo" é um traço comum à larga maioria das organizações e à forma como colectivamente se tomam decisões na sociedade. Isto é, os decisores vão acumulando problemas e criando soluções para problemas inexistentes, o que é obra. Noutras ocasiões procuram criar problemas onde possam aplicar as soluções que tinham para os problemas inexistentes, o que também não deixa de ser obra. E por vezes até conseguem resolver problemas sem soluções pensadas, o que é uma verdadeira obra. Enfim, na organização não há forma de escapar ao "caixote de lixo", receptáculo onde todo o tipo de problemas e soluções cai de forma indiferenciada.