2013-08-08

Vertigem

Quando desces o Bom Jesus em Vespa tens de negociar as primeiras curvas com alguma precaução. São apertadas. Correm sobre piso degradado e com o maldito paralelo a complicar-te a vida. Os travões nunca foram uma das qualidades da Vespa, daí ser necessário cuidado redobrado. As rodas pequenas e a coluna não suportam as irregularidades do piso. Por tudo isto, convém que te atires por ali abaixo, mas sem excesso de entusiasmo. São os preliminares.



Entusiasmo só mesmo a partir da curva à direita que surge ao entrares no tapete de asfalto decente que existe junto ao acesso para o Elevador de Água. A partir daí, na saída da curva não te faças rogado. Acelera. Arrisca e puxa por ela o máximo que puderes. Depois da curva existe um separador frontal, por isso a tua preocupação não é com o trânsito que vem de frente. Tem antes cuidado com o trânsito que vai no teu sentido porque a sequência de curvas e contra-curvas em s que se repetem de forma sinuosa vai levar-te invariavelmente de um extremo ao outro da estrada. Isso é perigoso, mas, vá lá, não necessitas de levar o joelho ao asfalto.


Na vertigem da descida vais conseguir acelerar por escassos segundos de forma completa e colar o conta-quilómetros ao vermelho. De imediato, a curva não te dá tréguas e tens que tirar gás, para, de imediato, voltares a carregar no acelerador. Ao máximo porque o tempo de resposta da Vespa é o que é. E vais lançado por ali abaixo a uma velocidade estonteante para uma Vespa, num misto de controlo e descontrolo a raiar os limites. A felicidade não escolhe momentos. Mas nesse momento estás no fio da navalha entre a felicidade e a tragédia. E respiras felicidade com a duração de uns escassos segundos. Uns segundos valiosos.
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