Desde os seus primórdios nas instalações do Teia Clube onde exibiu muito bom cinema - recordo-me por exemplo de um excelente ciclo dedicado a Werner Herzog a que assistimos menos de meia-dúzia de curiosos -, ao longo dos anos as suas projecções têm passado por outros espaços de que é exemplo a Casa do Curro. Do que se me é dado a observar, presentemente é o renovado Cine Teatro João Verde que recebe a sua programação. Não sei com que regularidade - talvez uma vez por mês em média, aqui e ali com alguns meses mais intensos e outros menos intensos.
A programação de maio e junho de 2015 está clara. Nestes dois meses, a principal sala de espetáculos de Monção inclui quatro filmes com a chancela do cine clube local, entre eles Viagem ao Princípio do Mundo do incontornável Manoel de Oliveira que será exibido depois de amanhã.
Para além da programação do cine clube, o Cinte Teatro parece fazer justiça ao seu nome e à sua história e projeta outros filmes. Fá-lo habitualmente no fim de semana, neste caso inseridos no circuito comercial regular. Entre as propostas em cartaz destaco o recente Mad Max - Estrada da Fúria (George Miller, 2015).
De entre todos estes filmes quero, contudo, assinalar aqui uma comédia dramática italiana que será exibida no dia 18 de junho pelas 21:30 horas. Não vi este Viva a Liberdade (Roberto Andó, 2013) mas possui seguramente um argumento atrativo e muito atual. Em ano eleitoral, e com toda a loucura à mistura que isso implica, recomendo este Viva a Liberdade. Vivamente.
«Em Itália, as eleições aproximam-se. As sondagens revelam resultados pouco animadores para o secretário-geral do partido da oposição, Enrico Oliveri. Depois de um debate, ele desaparece sem deixar rasto. A sua comitiva e a sua mulher tentam encontrá-lo, mas é preciso fazer alguma coisa enquanto não o conseguem. Felizmente, Enrico tem um irmão gémeo, Giovanni. Infelizmente, ele acaba de sair do manicómio. Mas não há alternativa senão pô-lo no lugar do secretário e torcer para que ninguém perceba que ele está diferente. Esta tarefa é que se revela mais difícil. "Optimismo ao poder" passam a ser as palavras de ordem. A poesia entra na política. A proximidade com as pessoas aumenta. Mas a grande surpresa é esta: o discurso do político – supostamente, um louco – nunca foi tão lúcido, relevante e acutilante. Um filme dirigido por Roberto Andò, que parodia o sistema político italiano e questiona os contextos de crise. Andò também co-escreveu (em parceria com Angelo Pasquini) o argumento, que foi premiado pelo Sindicato Nacional Italiano dos Jornalistas de Cinema. O protagonismo está entregue a Toni Servillo, que interpreta os dois irmãos gémeos, contracenando com actores como Valerio Mastandrea (o assessor) ou Valeria Bruni Tedeschi (a mulher).»
Em síntese, sempre que passar por Monção, vale a pena espreitar a programação do Cine Teatro João Verde e estar atento às propostas cinematográficas do resistente Cineclube de Monção.
Repórter X, boa vida e sugestões à volta do Apartamento na Quinta do Lago (Almancil, Loulé) e da Casa da Toca (Sá, Monção).