2016-01-10

Gastronomia local

Até que ponto estará alguém disponível para escolher um destino de viagem em função das suas preferências gastronómicas? Estará interessado em dar um salto a Boticas ou Montalegre para se abastecer de enchidos? Ou ir a Mirandela por causa da alheira e aproveitar para abastecer azeite e mel? E uma paragem propositada em Almeirim para uma sopa de pedra? Justificar-se-á um desvio até Évora para uma sopa de cação? E uma caldeirada em Peniche? Prefere uns chocos em Setúbal? E o que lhe parece uma domingueira foda à Monção?! Enfim, não faltam destinos, pratos e provocações.

Este fenómeno - o dos destinos e comida, entenda-se - é deveras curioso. Tão curioso que mereceu a atenção de um artigo significativamente intitulado "Local food: a source for destination attraction" da autoria de dois finlandeses, Peter Björk e Hannele Kauppinen-Räisänen, que acaba de sair na revista International Journal of Contemporary Hospitality Management.

Não sei até que ponto as experiências gastronómicas dos finlandeses possam ser ou não semelhantes às portuguesas; talvez isso também mereça ser estudado nestas bandas de magníficos enchidos, sopas e peixes. Mas, na verdade, o artigo conclui que existem três tipos de viajantes no que respeita à sua relação com a comida local: os experientes, precisamente aqueles que viajam para ter experiências gastronómicas no local de destino; os apreciadores que possuem uma atitude positiva em relação à comida local; e os sobreviventes, aqueles que possuem muito pouco ou nenhum interesse na comida local.

E o ilustre leitor como se auto-avalia? Sente-se um simples apreciador, algo experiente ou um mero sobrevivente?
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