Confesso não conhecer todas as igrejas e capelas de Braga. «Graças a Deus». Ainda assim, conheço as principais e afirmo inequivocamente que todos esses espaços e lugares se distinguem por um motivo ou por outro.
Antes mesmo de ser sujeita à obra que lhe conferiu a sua atual configuração, a Capela Imaculada do Seminário de Nossa Senhora da Conceição já me era familiar duma série de eventos e cerimónias do Colégio Dom Diogo de Sousa. De entre os inúmeros espaços religiosos que enriquecem Braga e a afirmam verdadeira e justificadamente pelo seu património religioso, a Capela Imaculada do Seminário de Nossa Senhora da Conceição passou a distinguir-se pelo minimalismo que a sua recente intervenção arquitetónica lhe conferiu. A capela foi construída na segunda metade da década de 1940 mas sofreu uma intervenção de restauro e modernização terminada em 2015 que veio precisamente contrastar com a linguagem mais clássica prevalecente na arquitectura das igrejas locais. A intervenção não se limitou a modernizar o espaço. Tornou-o deveras agradável e com excelentes condições para outros eventos para além de cerimónias religiosas.
A grandiosidade da estrutura da capela e os jogos de luz natural que ela proporciona são destacados por quem nela trabalhou. Pessoalmente, agrada-me sobremaneira a forma como a madeira do mobiliário contrasta com o betão e a pedra das paredes, acentuando a claridade dominante. Para esta claridade e jogos de luzes contribui ainda uma iluminação artificial em tons quentes e repousantes que tornam o espaço muito agradável. Quanto aos elementos decorativos mais tradicionais que nos habituámos a ver nas igrejas, sem desprimor para as igrejas que povoam a cidade, também elas magnifícas, nesta capela imaculada esses elementos não encontram espaço de expressão. Pelo contrário, há uma relativa escassez de objetos e símbolos que tornam o espaço mais "simples, convidativo, e inovador".
É um espaço que apela ao silêncio. E como tal, por paradoxal que possa parecer, é particularmente propício para determinados eventos e géneros musicais. Por isso mesmo, a música ambiente em tons celestiais neo-clássicos acenta-lhe como uma luva. Foi precisamente isso que em 2016 nos proporcionou a sofisticada Christine Vantzou num daqueles tão raros quanto oportunos concertos organizados pelo SEMIBREVE, festival de música eletrónica e arte digital que colocou Braga no circuito internacional dos festivais do género.
Por obra e arte do Canal180 temos agora a sorte de poder assistir a um ensaio que Christina Vantzou, acompanhada pelo Harawi Ensemble, realizou na capela, e que vem colocar à evidência o quanto lugar e espaço tão bem se podem conjugar com música.